MEGAOPERAÇÃO NO RJ: Dos 99 mortos identificados, 78 tinham ficha por crime grave e 42, mandados de prisão, diz polícia
31/10/2025

Foto: Pablo PORCIUNCULA / AFP
Entre os 117 mortos considerados suspeitos pela polícia do Rio na megaoperação de terça-feira nos complexos da Penha e do Alemão, 99 já foram identificados, informou nesta sexta-feira, o secretário de Polícia Civil do Rio, Felipe Curi. Entre eles, há 40 de outros estados. São 13 do Pará, sete do Amazonas, seis da Bahia, quatro de Goiás, quatro do Ceará, três do Espírito Santo, um do Mato Grosso e um da Paraíba. Curi disse ainda que, entre os mortos, 42 tinham mandados de prisão em aberto, e 78 tinham ficha criminal por crimes graves como homicídio, tráfico de drogas, organização criminosa e roubos, entre outros.
— E alguns exemplos muito sensíveis que eu vou trazer para vocês aqui. Do Espírito Santo, Russo, chefe do tráfico em Vitória. Do Amazonas, Chico Rato e Gringo, chefes do tráfico em Manaus. Da Bahia, Mazola, chefe do tráfico de Feira de Santana. De Goiás, Fernando Henrique dos Santos, chefe do tráfico naquele estado — disse Felipe Curi.
Foram 113 presos: 33 de outros estados, 10 adolescentes. Do total, 54 tinham anotações criminais. Todos os presos, segundo o secretário, tiveram prisão preventiva decretada na audiência de custódia. O secretário ressaltou o fato de que quase um terço é de fora do Rio:
— Temos que fazer uma reflexão. Na verdade, é uma constatação do que a Polícia Civil há cinco anos, com o advento das restrições e limitações das operações policiais, implicaria no fortalecimento do crime organizado e no aumento das disputas territoriais, aumentos das barricadas. Além disso, as favelas se tornariam bases operacionais do crime organizado e um local convidativo para que lideranças de outros estados viessem para cá — afirmou o secretário.
Curi destacou que o Complexo do Alemão ampliou sua importância para o Comando Vermelho:
— Os complexos da Penha e do Alemão, até aquela ocupação de 2010, eram o QG (quartel-general) do Comando Vermelho apenas aqui no estado do Rio de Janeiro. Essa constatação de hoje mostra que esses locais passaram a ser o QG do Comando Vermelho em nível nacional. São desses complexos que partem todas as ordens, decisões e diretrizes da facção para todos os outros estados onde o Comando Vermelho tem atuação, praticamente em todos os estados do Brasil.
Curi afirmou ainda que os dois conjuntos de favelas se tornaram bases de treinamento de manuseio de armamento, com papel central na cooptação de criminosos de fora do estado. Segundo o secretário, esses forasteiros são “formados” no Rio e, posteriormente, retornam para seus estados de origem para implementação da cultura do CV nesses locais.
Sobre o perfil de Edgar Alves de Andrade, o Doca, de 55 anos, e o uso de drones, Felipe Curi disse que trata-se da personificação do narcoterrorista:
— É um criminoso que deu a ordem para matar os meninos de Belford roxo por causa de furto de uma gaiola de passarinho, ordenava execução de desafetos e moradores, impõe a lei do silêncio… Temos relatos que moradores não aguentam mais o Doca. O feedback que tivemos dessa operação por parte de moradores da comunidade foi maravilhoso, pediram mais. Prender o Doca é questão de tempo. Por um triz não prendemos o Doca. Mas a hora dele vai chegar.
Quanto ao possível vazamento da operação, Curi voltou a negar:
— É importante desmistificar algumas narrativas. O que houve foi uma movimentação de policiais. Esta movimentação chama atenção dos marginais — disse.
O secretário falou ainda sobre o cenário de guerra encontrado pelos policiais:
— Esse cenário que nós vivenciamos aqui é um cenário de guerra irregular, de guerra assimétrica. Então, eu aproveito o momento aqui, tendo em vista os dados que nós estamos apresentando aqui para todos os senhores, para fazer essa reflexão. E acho que é importante que haja uma mobilização nacional no sentido de combate a essas organizações, que não são mais organizações criminosas, são sim narcoterroristas.
O Globo
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