Número de mortes em 2020 coloca ano como mais letal já registrado no RN

Publicado em: 01/02/2021

A pandemia do novo coronavírus fez do ano de 2020 o mais letal do qual se tem registro no Rio Grande do Norte até hoje. Levantamento feito pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen Brasil), que representa os cartórios do País, aponta que 19.333 de pessoas morreram no ano passado. São 10,15% a mais que o registrado em 2019 (17.550). No Brasil, pelo menos 1,4 milhão de pessoas morreram no mesmo período – 8,6% a mais que no ano anterior.

Nos registros cartoriais, 2.310 pessoas morreram em decorrência da Covid-19 no Rio Grande do Norte em 2020. O número de vítimas, no entanto, é maior. No boletim epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sesap/RN) divulgado no dia 31 de dezembro, a pandemia havia matado 2.993 pessoas. Os sistemas de registros cartoriais e da Sesap são independentes, e o que explica a diferença é que, no cartório, parte das mortes causadas pela Covid-19 são registradas como decorrentes da Síndrome Aguda Respiratória Grave e da pneumonia.

As mortes provocadas por causas respiratórias foram as principais responsáveis por elevar o número de um ano para o outro no Estado. Enquanto 2019 teve 4.183 mortes registradas por causas respiratórias diversas, como pneumonia ou Síndrome Respiratória Aguda Grave, o ano de 2020 registrou 4.983 óbitos provocados por doenças dessa natureza.

Segundo o epidemiologista Ion Andrade, existem casos em que os pacientes contraem pneumonia ou tem um quadro respiratório grave decorrente da Covid-19 e não é diagnosticado corretamente. “Isso acontece no mundo todo. Pode ser um caso de um idoso, por exemplo, que tem histórico de pneumonia e de repente contrai a doença mais uma vez, desta vez em decorrência da Covid-19. O médico pode não se atentar a fazer esse diagnóstico e apenas considerar pneumonia”, explicou.

As mortes por causas cardiovasculares também tiveram um salto de um ano para o outro. Em 2019 foram 882 mortes por razões cardiovasculares inespecíficas, número que cresceu para 1.292 no ano passado (46,4% a mais de vítimas). “Com as cardiovasculares acontece o mesmo. Existem pacientes com Covid-19 que morreram com complicações cardiovasculares que surgiram após o vírus.”

Ainda de acordo com Andrade, quando as mortes por essas causas crescem de um ano para o outro ocorre o fenômeno chamado de “excesso de óbitos”. Significa dizer que provavelmente as mortes decorrem de outras causas, que ficaram apagadas. O mesmo ocorreu na epidemia de H1N1, em 2009.

O aumento no número de mortes por doenças cardiovasculares inespecíficas, para os especialistas, está associada a outro dado observado no Portal da Transparência de Registros: o aumento das mortes em domicílio, que pode ser explicado pelo temor de muitas pessoas de irem aos hospitais e serem expostos ao coronavírus. Além disso, a sobrecarga no sistema de saúde provocada pela doença em muitos dos meses do ano fez com que muitas pessoas tivessem mais dificuldade em conseguir atendimento médico.

Os números, que estão disponíveis no Portal da Transparência do Registro Civil, ainda podem crescer, uma vez que muitos dos óbitos de 2020 ainda não foram registrados ou aguardam confirmação de causa para serem adicionados ao registro.

Confira matéria completa na  Tribuna do Norte.

 




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