Brasileira separada do filho nos EUA relata desespero

Publicado em: 30/06/2018

A mineira Lídia Karine Souza, 27, diz ter vivido momentos de desespero durante o mês que passou longe do filho Diogo, 9.

Os dois não se viam desde 30 de maio, quando foram separados na fronteira dos EUA com o México enquanto buscavam asilo por causa da violência em Governador Valadares (MG), onde moravam.

“Falaram que em dois dias estaria com meu filho. Mas fiquei um mês sem vê-lo”, afirma a mineira à Folha.

Lídia diz que foi informada de que seria separada do filho por uma mensagem digitada num sistema de tradução do Google. “Estava escrito que eu ia para uma prisão. Não queria que ele soubesse que eu estava sendo presa, então falei que prisão é como eles chamam os abrigos nos EUA”, diz.

Durante os dez dias em que ficou presa, ela passou por três locais (Santa Teresa e Otero County, ambos no Novo México, e El Paso, no Texas).

Entre 30 de maio e 9 de junho, quando foi liberada, diz ter emagrecido sete quilos.

“A comida de Santa Teresa era horrível. Só davam barra de cereal e um burrito de feijão pequeno a cada refeição. Não aguento mais olhar nem para um, nem para outro”.

Foram vários os problemas de comunicação com os funcionários dos centros. Ela diz que as detentas precisam deixar um documento de identificação ao tomar banho, o que ela desconhecia. Uma funcionária, então, começou a gritar com a mineira em espanhol. Lídia diz não ter percebido que os berros eram para ela.

“Só quando outras detentas começaram a fazer sinais para mim é que percebi que era comigo. A mulher faltou me puxar pelo pescoço.”

Ao ser liberada, Lídia passou a procurar Diogo. Aí se deparou com um problema: não conseguia as informações no telefone que lhe haviam passado. “As pessoas só falavam inglês. Quando viam que eu falava português, desligavam na minha cara”, conta.

 




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