Brasil é líder em cirurgias íntimas; TV e nudes motivam mulheres a passarem por operação na vagina

Publicado em: 19/07/2017

Imagem: Reprodução Instagram/The vulva Gallery

Vaginas podem ter os mais diversos formatos, ter particularidades na cor e na textura da pele, ter diferenças no tamanho e volume dos lábios, mas muitas mulheres parecem não estar convencidas disso. Em 2016, 25 mil brasileiras entraram na faca para corrigir suas “imperfeições” vaginais – o dobro do ano anterior, segundo dados da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica (Isaps, na sigla em inglês). Os números crescentes alçaram o país ao posto de recordista mundial das cirurgias íntimas. E, segundo especialistas no procedimento, a motivação estética supera a funcional, que é quando a anatomia dos lábios provoca alguma, por exemplo.

No consultório especializado em cirurgias íntimas do cirurgião plástico Ricardo Kruse, que há cinco anos atende a essa demanda em Fortaleza e em parceria com alguns colegas de profissão em São Paulo, o desconforto exclusivamente relacionado ao aspecto visual da vulva parte de 90% das pacientes que o procuram. Ambos notam um aumento cada vez maior da procura pela técnica.

O cirurgião plástico Rodrigo Itocazo Rocha, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e regente do Capítulo de Cirurgia Genitália e Intersexo da SBCP, diz que 37% das procuras em seu consultório são estritamente estética, contra 32% das indicações de cunho funcional. Já 31% das cirurgias íntimas são realizadas para suprir ambos os objetivos. “A mulher acaba olhando mais para sua região íntima e definindo seu objetivo de genitália. Assim é criada toda uma expectativa de um padrão de beleza”, explica o médico.

Cirurgia vem antes da primeira vez no sexo

A estudante cearense Helena* tem 21 anos e, há dois meses, entrou para as estatísticas das mulheres que se submeteram à ninfoplastia ou labioplastia, técnicas de redução dos pequenos lábios vaginais. Ela não estava satisfeita com a aparência da região. O desejo foi despertado há dois anos, depois de ver uma reportagem sobre o assunto ser transmitida na TV. “Fiquei curiosa e fui pesquisar sobre a anatomia da vagina”, conta. “Descobri que cada mulher tem a sua particularidade, mas também me deparei, em livros e na internet, com um número muito maior de imagens de vulvas de lábios menores, mais lisinhas. Elas eram as mais bonitas.”

Depois de reunir informações sobre a cirurgia, a jovem decidiu procurar um especialista e se submeter ao procedimento. Só a mãe sabia de sua decisão. “Foi a melhor coisa que fiz. Me sinto muito mais mulher e confiante para me relacionar. Parece que nasci de novo”, diz Helena, que realizou a cirurgia antes mesmo de ter tido sua primeira relação sexual.

O padrão de beleza chegou à vagina?

 

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